cover
Tocando Agora:

Enem 2025: veja exemplos de redação sobre o tema ''Perspectivas acerca do envelhecimento na sociedade brasileira"

Folha de rascunho da Redação do Enem. arquivo/g1 O tema da redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2025 é: "Perspectivas acerca do envelhecimento...

Enem 2025: veja exemplos de redação sobre o tema ''Perspectivas acerca do envelhecimento na sociedade brasileira
Enem 2025: veja exemplos de redação sobre o tema ''Perspectivas acerca do envelhecimento na sociedade brasileira" (Foto: Reprodução)

Folha de rascunho da Redação do Enem. arquivo/g1 O tema da redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2025 é: "Perspectivas acerca do envelhecimento na sociedade brasileira". Abaixo, confira exemplos de textos produzidos por professores a pedido pelo g1. As redações foram feitas somente a partir do tema divulgado pelo Ministério da Educação. COBERTURA AO VIVO: acompanhe a correção da prova a partir das 18h30 Tema da redação do Enem é 'Perspectivas acerca do envelhecimento na sociedade brasileira' Thiago Braga, autor e professor do Colégio e Sistema pH Na obra "Memorial de Aires", de Machado de Assis, o protagonista, um diplomata aposentado, enfrenta a solidão e a marginalização social típicas da velhice, apesar de sua vasta experiência e sabedoria acumulada. Analogamente, no contexto contemporâneo brasileiro, a população idosa vivencia um processo de envelhecimento marcado pela desvalorização sistemática e pela negligência institucional. A partir desse prisma, dois grandes desafios para a construção de perspectivas dignas acerca do envelhecimento devem ser debelados: as políticas públicas ineficazes e o etarismo enraizado na sociedade. Diante desse cenário, as políticas públicas ineficazes configuram-se como um obstáculo à promoção de perspectivas dignas do envelhecimento, uma vez que impedem a proteção adequada dos direitos assegurados à população idosa. Consoante o sociólogo Émile Durkheim, uma sociedade sem regras claras, sem valores e sem limites encontra-se em estado de anomia social. Nesse sentido sociológico, esse estado anômico pode ser observado na hodierna realidade brasileira, na medida em que a omissão estatal permite violações sistemáticas aos direitos das pessoas idosas, como a negligência em instituições de longa permanência, a precariedade no atendimento de saúde e a ausência de programas efetivos de envelhecimento ativo. Ademais, embora o Estatuto da Pessoa Idosa garanta proteção integral desde 2003 e a Convenção Interamericana sobre Direitos dos Idosos tenha sido aprovada pela Organização dos Estados Americanos em 2015, o Brasil ainda não ratificou esse importante instrumento internacional, evidenciando o descaso governamental. Com base nisso, uma mudança urgente e pragmática deve ser realizada, visando à transformação dessa conjuntura, de modo a não só valorizar a população idosa no país, como também a protegê-la. Ademais, o etarismo enraizado na sociedade brasileira também se constitui como importante fator que aprofunda a desvalorização da população idosa e compromete perspectivas dignas de envelhecimento. Segundo o filósofo Pierre Bourdieu, a violência simbólica manifesta-se nas estruturas sociais que naturalizam formas de dominação e exclusão. Sob esse prisma filosófico, o etarismo, termo cunhado pelo gerontologista Robert Butler em 1969 para descrever a discriminação baseada na idade, opera como violência simbólica que inferioriza sistematicamente as pessoas idosas, propagando estereótipos de fragilidade, improdutividade e obsolescência. Nesse viés, a própria formação cultural brasileira é maculada por noções que deslegitimam a velhice, manifestando-se na exclusão do mercado de trabalho, na infantilização de pessoas idosas e na subavaliação de suas capacidades, como ficou evidente no episódio viral de 2023, em Bauru, em que universitárias jovens debocharam de uma colega de 44 anos, afirmando que ela "deveria estar aposentada". Então, torna-se imperiosa a desconstrução imediata desse preconceito, no sentido de debelar mentalidades discriminatórias e ampliar o respeito intergeracional. Infere-se, portanto, que as políticas públicas ineficazes e o etarismo enraizado configuram-se como os dois principais desafios para a construção de perspectivas dignas acerca do envelhecimento na sociedade brasileira. Nessa ótica, o Governo Federal deve ampliar as políticas públicas existentes, tornando-as mais eficazes, por intermédio de uma aliança com o Congresso Nacional, com a finalidade de ratificar a Convenção Interamericana sobre Direitos dos Idosos e implementar programas de envelhecimento ativo que garantam autonomia, saúde e participação social das pessoas idosas. O Governo Federal também deve combater o etarismo, por meio do Ministério da Educação e da Mídia, a fim de promover educação gerontológica nas escolas, campanhas de conscientização sobre discriminação etária e representatividade positiva de idosos nos meios de comunicação. Logo, o país possuirá uma estrutura melhor para dialogar com o envelhecimento populacional, longe da marginalização vivenciada pelo protagonista de "Memorial de Aires" e rumo a uma sociedade verdadeiramente inclusiva e respeitosa com o ser humano em todas as fases de sua vida. Maysa Barreto e Fernanda Becker, especialistas da plataforma Redação Nota 1000 Na distopia futurística proposta pelo filme brasileiro “O Último Azul”, dirigido por Gabriel Mascaro, idosos acima de 75 anos são deslocados para uma colônia habitacional, com a desculpa de que geram muitas despesas para seus familiares. Apesar de se tratar de uma realidade ainda distante do cenário nacional, a obra traz à tona a importante discussão sobre as perspectivas acerca do envelhecimento populacional da sociedade brasileira, uma vez que a escassez de políticas públicas voltadas à população idosa escancara uma lacuna na garantia dos direitos da terceira idade, cenário que é perdurado pelo etarismo e pela dissolução da previdência social. De início, é fundamental pontuar que o etarismo é um dos principais entraves na garantia dos direitos da população idosa. Esse preconceito, baseado na ideia neoliberal de autoexploração, proposta por Byung-Chul Han na obra "Sociedade do desempenho", faz com que o indivíduo idoso seja considerado menos capaz, por não se integrar à lógica exaustiva de produção moderna. Segundo o filósofo sul-coreano, a exploração trabalhista, outrora realizada pelo patrão, tornou–se, em um regime neoliberal, autocentrada, à medida que o valor do sujeito passou a depender da sua produção e, consequentemente, da exploração de si. Dessa forma, os idosos são lidos socialmente como indivíduos sem importância, e as consequências dessa exclusão podem ser traduzidas como pouco espaço no mercado de trabalho, solidão e insegurança econômica. Assim, torna-se imprescindível modificar esse cenário. Além disso, é preciso analisar a questão da longevidade atrelada ao sistema previdenciário, dado que, futuramente, ele se encontrará sobrecarregado. Isso é evidenciado a partir de dados divulgados pelo IBGE, em 2024, os quais evidenciam que a diminuição projetada da população em idade ativa nas próximas décadas deverá ocorrer de forma mais acentuada do que o estimado há seis anos, intensificando as preocupações com a previdência social. Entretanto, reformas promovidas em 2019 dificultam a perspectiva de aposentadoria, tendo em vista que houve o aumento no tempo de serviço e de contribuição, além de regras de cálculo que visam a diminuição do valor a ser recebido. Nesse sentido, observa-se um cenário complexo, em que a população idosa brasileira usufrui dos benefícios previdenciários por um período mais extenso, enquanto, ao mesmo tempo, regras para acesso a tais proveitos se tornaram mais rigorosas. Consequentemente, isso gera uma pressão sobre os indivíduos, haja vista que precisam se planejar para uma jornada de trabalho e de contribuição mais prolongadas com o intuito de garantir uma maior segurança financeira futuramente. Diante disso, é fundamental a ação estatal para a melhora na perspectiva de envelhecimento na sociedade brasileira. Portanto, diante do envelhecimento populacional, medidas são imperativas para a resolução do revés. Para isso, é preciso que a mídia, principal veículo de divulgação de informações, apresente a questão do etarismo como um empecilho para a defesa de direitos da terceira idade, por meio de reportagens e de documentários em programas jornalísticos, com o fito de alertar sobre os perigos de tal mentalidade preconceituosa e de garantir a participação dos idosos no mercado de trabalho e nos demais âmbitos sociais. Somado a isso, o Estado brasileiro deve promover novas reformas trabalhistas, através do Ministério do Trabalho, visando à reestruturação do plano de aposentadoria e, consequentemente, à maior segurança financeira dos idosos, de modo a oferecer a essa parcela populacional uma velhice mais pacífica. Assim, o cenário exposto no filme “O Último Azul” poderá ser evitado, garantindo à terceira idade brasileira melhores perspectivas de envelhecimento e tornando a sociedade brasileira mais igualitária. Confira o tema da redação do Enem em outros anos Enem 2024 - "Desafios para a valorização da herança africana no Brasil" Enem 2023 - "Desafios para o enfrentamento da invisibilidade do trabalho de cuidado realizado pela mulher no Brasil” Enem 2022 - "Desafios para a valorização de comunidades e povos tradicionais no Brasil" Enem 2021 - "Invisibilidade e Registro Civil: garantia de acesso à cidadania no Brasil" Enem 2020 - "O estigma associado às doenças mentais na sociedade brasileira", na versão impressa; e "O desafio de diminuir a desigualdade entre regiões no Brasil", na digital. Enem 2019 - "Democratização do acesso ao cinema no Brasil" Enem 2018 - "Manipulação do comportamento do usuário pelo controle de dados na internet" Enem 2017 - "Desafios para a formação educacional de surdos no Brasil" Enem 2016 - "Caminhos para combater a intolerância religiosa no Brasil” Enem 2015 - "A Persistência da Violência contra a Mulher na Sociedade Brasileira" Enem 2014 - "Publicidade infantil em questão no Brasil"

Fale Conosco